Já vi surgir muitos movimentos, já
vi outros tantos desaparecerem ou andarem capenga por aí.
Por que será que isto não acontece com o Movimento
Tradicionalista Gaúcho? Muito pelo contrário,
cresce ordenadamente, sem explosão surpreendente que
desperte a curiosidade geral. Um movimento que surgiu há
62 anos, liderado por oito jovens com idade entre 18 e 20 anos,
com ideais bem definidos, como a defesa dos símbolos cívicos,
da tradição e da cultura do Rio Grande do Sul. São
fatores fundamentais para a perpetuação do
movimento: como o fogo, símbolo de amor e paixão
da humanidade, com Paixão Côrtes retirando uma
centelha do Fogo Simbólico da Pátria naquela noite
de sete de setembro de 1947 para, a cavalo, ele, Cyro Dutra
Ferreira e Fernando Machado Vieira conduzirem a Chama até
o Colégio Júlio de Castilhos. Aqueles jovens
estavam ali, não por exibicionismo, por estarem cercados
de garotas e garotos das suas idades, mas por idealismo. Eu vou
mais longe, entendo que se o movimento tradicionalista tomou as
dimensões que tomou, foi por ter surgido para defender símbolos
cívicos e, muito mais, preservar a tradição
gaúcha. Tradição esta materializada no galpão,
no chimarrão, na indumentária, no cavalo, na arte,
na literatura, na musicalidade e nas canções que
expressam os sentimentos de amor à terra. É por
tudo isto que este movimento é visto como o maior
movimento cívico-cultural do mundo. Esta definição
é feita por pessoas que não usam bombacha, botas e
lenço no pescoço, que comem churrasco por
apreciarem as delícias da carne, que tomam chimarrão
por tradição. São pessoas que fazem esta
afirmativa como, por exemplo, o Professor Dr. Luiz Gonzaga
Adolfo, da Unilassale, durante palestra na II Conferência
Municipal de Cultura. Ou como o jornalista e antropólogo
Jakzam Kaiser, no seu livro O Brasil dos Gaúchos.
Nesse livro o escritor nos dá idéia da
devida dimensão do gaúcho, raça da mesma
estirpe de Paixão Côrtes, João e Fernando
Machado Vieira, Cyro Dutra Ferreira, Ciro Dias da Costa, Jorge
Degrazia, Çilço Campos e João Antônio
Siqueira. Eu entendo que este movimento não pertence
apenas aos tradicionalistas, aqueles que usam bombacha, botas e
lenço no pescoço pelo compromisso que tem como
guardiões das tradições do Rio Grande. Mas é,
também, daqueles que usam bombacha e botas, tomam chimarrão
e dizem "mas bah chê" apenas por tradição,
todos os nascidos no RS ou não, pois é um
movimento que rompeu fronteiras nacionais e internacionais,
espontaneamente, pelos princípios fundamentais que
defende. |