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Texto publicado no sítio da ACE em 19/08/2020 Retornar textos da autora Retornar textos da autora
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SERIA HORA DE RETOMAR AS AULAS?
No último dia 11 de agosto, o governo do Estado, em reunião com a Federação da Associação dos Municípios (FAMURS) e 27 presidentes de Associações Regionais apresentou um cronograma de volta às aulas presenciais, em todos os níveis de ensino, de forma escalonada.
O primeiro nível a retornar, seria a Educação Infantil, em 31 de agosto, o que julgamos uma temeridade, porque as crianças pequenas serão com certeza, as transmissoras da Covid-19. Elas são muito afetivas e com certeza, depois de todo este tempo, vão querer abraçar a professora e os coleguinhas. Ninguém vai conseguir impedi-las. Deveriam ser as últimas a retornarem.
A volta às aulas é um momento muito delicado e o Rio Grande do Sul está propondo isto, quando a curva de casos de contaminação, mortes e ocupação de leitos da UTI estão em ascensão ou estabilizadas em patamares muito altos, diferentemente de outros estados e países, que só voltaram quando as três curvas apresentavam queda consistente. Mesmo assim, a França e a Coreia do Sul reabriram escolas, mas logo depois tiveram que fechar algumas delas, por conta de novos focos do Covid-19.
Além do momento inadequado, os protocolos de distanciamento social, o uso adequado de máscaras de proteção, aferição de temperatura e disponibilização de álcool gel nas salas e áreas comuns tem que ser obedecidos com todo o rigor, condições que as escolas não oferecem. O governo promete equipá-las com estes recursos, mas as condições tecnológicas para as aulas remotas, também foram prometidas e, até agora, não chegaram.
Um governo que não paga os salários dos profissionais da educação em dia, terá recursos para equipar as escolas com tudo que é necessário para prevenir a disseminação do Vírus?
As entidades que representam os professores do ensino público e privado se apresentam contrárias ao retorno em 31 de agosto. O mesmo acontece com um grande número de pais, que não querem expor seus filhos ao perigo do contágio.
Um levantamento feito em todo o Brasil, sobre o retorno às aulas, aponta que, para 40% das famílias, o retorno deveria se dar apenas em 2021.
O presidente da Federação de Associações de Município do Rio Grande do Sul, (FAMURS), Maneco Hassen, vê com preocupação a proposta do Estado e diz ter sido surpreendido pela data sugerida, já que os prefeitos vinham se programando para um retorno mais adiante. Ele afirma que nos próximos dias os municípios gaúchos participarão de uma pesquisa onde se pronunciarão sobre a proposta do governo. O resultado será levado ao governador, em reunião do próximo dia 18. Esperamos que prevaleça o bom senso e a preocupação com a vida.
O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a retomada das aulas presenciais aponta que "o momento de reabertura de escolas deve ser guiado pelo melhor interesse das crianças e por preocupações gerais de saúde pública, com base na avaliação dos riscos e benefícios das evidências locais".
Esperamos, que os prefeitos e prefeitas do Rio Grande do Sul, coloquem a vida como o bem principal a ser preservado e convençam o governador, de que o momento não é adequado para um retorno às aulas, sob pena de termos novos focos de contaminações, o que colocará em colapso o sistema de saúde.
Marina Lima Leal
Tramandaí, 12 de agosto de 2020.
 
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