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Marina Lima Leal
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OS PROTESTOS DE
JUNHO, UM ANO DEPOIS |
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Há um ano atrás, em junho de
2013, a multidão tomava as ruas, inicialmente motivada
pelo reajuste das passagens de ônibus e convocada através
de um processo disseminado pelas redes sociais. |
Constituiu-se como algo novo em nosso país,
que já passou por longos períodos de autoritarismo
e foi perdendo o hábito de protestar. |
Minha geração viveu períodos
de intensas mobilizações. A multidão saía
às ruas em variados protestos dos movimentos sociais,
especialmente dos trabalhadores e estudantes. |
Depois, do golpe de 1964, mergulhamos num
longo período de escuridão, em que não era
possível nenhum tipo de manifestação, sob
pena de prisão, tortura e até morte. |
Na metade da década de 1980 o povo
tomou coragem e foi para as ruas, em grandes passeatas, para
lutar pelas eleições diretas, para Presidente da
República, na grande e histórica mobilização
das "Diretas Já". |
Como o passar dos anos, a população
foi descobrindo, que apesar das eleições diretas
terem sido uma grande conquista, não era suficiente. Era
necessário mais. |
No ano passado a sociedade rompeu com a
passividade e foi às ruas. Finalmente o povo despertou e
entendeu que é preciso lutar, se quer um país mais
justo e democrático. |
Os protestos também deixaram um
recado aos políticos com o slogan: "Vocês não
nos representam", que apesar de estar bem claro, não
chegou a sensibilizar grande parte da classe para a realização
de uma Reforma Política, urgente e necessária. Com
certeza ela viria para dificultar a eleição dos
maus políticos, financiados por grandes corporações,
que depois costumam exigir a "recompensa" por parte
dos eleitos. |
Atos de violência que ocorreram
durante alguns protestos, afastaram muitos manifestantes,
diminuindo a frequência dos movimentos, mas a sociedade
continua a apresentar demandas. |
Um ano depois, se observa que as manifestações
se fragmentaram e tomaram novas formas como os protestos dos
sem-teto em São Paulo, as greves que vem ocorrendo, as
manifestações dos indígenas pela demarcação
de suas terras e, mais recentemente, os protestos contra a Copa,
por acreditar que ela tira recursos, já insuficientes,
dos serviços públicos. Por esta razão, são
contra a sua realização. |
Concordo com o sociólogo Luis
Werneck Vianna, professor da PUC do Rio de Janeiro, quando
afirma que: "Um dos legados das manifestações
seria a recuperação da capacidade de indignação
da sociedade brasileira", porque acredito que a apatia, a
indiferença e a falta de esperança, não
conduzirão o povo a lutar por um Brasil melhor para
todos. |
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