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Texto publicado aqui em 27/10/2015 Retornar textos da autora Retornar textos da autora
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MIGRANTES
Na semana que passou, a imagem do pequeno menino sírio, Aylan, encontrado morto numa praia da Turquia, com o rostinho enterrado na areia, provocou comoção e consternação no mundo inteiro.
O impacto da imagem foi maior do que todos os textos escritos sobre a crueldade e impotência vivida na crise imigratória atual. Tornou-se a mais perfeita síntese do drama dos refugiados.
É muito triste que a foto do pequeno Aylan tenha que ter sido compartilhada no mundo inteiro, para que a sociedade despertasse, pois até agora tem fechado os olhos, para o drama vivido por aqueles que tem que deixar seus países em busca da sobrevivência e um pouco de paz.
Dirigem-se, mar a fora, na maioria das vezes, sem as mínimas condições de segurança, especialmente em direção à Europa,continente privilegiado, que para chegar aonde chegou, fartou-se de explorar as mais variadas regiões do mundo e cujos habitantes, na sua maioria, tem demonstrado restrições às atuais ondas de refugiados. Esquecem que este mesmo movimento foi feito por milhares de europeus, há quase dois séculos, para fora do continente e pelos mesmos motivos. Há um desconhecimento, indiferença ou esquecimento deste importante fato histórico, por parte da população europeia.
Nosso país e, em especial nosso estado, recebeu muitos desses imigrantes e, no Brasil de hoje, somos parte da História daqueles imigrantes.
Porém, não basta ficarmos chocados com o que está acontecendo na Europa. Temos que olhar também para os que aqui chegam, vindos do Haiti, do Senegal ou de outros países, buscando uma chance de recomeçar e que, não raras vezes, são hostilizados por alguns ou explorados por outros. Cabe falar também dos migrantes internos, como é o caso dos nordestinos, que muitas vezes são descriminados e tratados como cidadãos de segunda classe, por habitantes dos estados para os quais migram.
"O refugiado não é o que deseja sair, é aquele que não pode ficar" (Deyse Ventura/USP).
É necessário que a gente se coloque no lugar do outro, especialmente daquele que sofre, pois como afirmou Leonardo Boff, em recente artigo: "Eles são nossos irmãos e irmãs e filhos e filhas de Deus".
Marina Lima Leal
Tramandaí, 6 de setembro de 2015.
 
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