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Marina Lima Leal
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MIGRANTES |
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Na semana que passou, a imagem do pequeno
menino sírio, Aylan, encontrado morto numa praia da
Turquia, com o rostinho enterrado na areia, provocou comoção
e consternação no mundo inteiro. |
O impacto da imagem foi maior do que todos
os textos escritos sobre a crueldade e impotência vivida
na crise imigratória atual. Tornou-se a mais perfeita síntese
do drama dos refugiados. |
É muito triste que a foto do pequeno
Aylan tenha que ter sido compartilhada no mundo inteiro, para
que a sociedade despertasse, pois até agora tem fechado
os olhos, para o drama vivido por aqueles que tem que deixar
seus países em busca da sobrevivência e um pouco de
paz. |
Dirigem-se, mar a fora, na maioria das
vezes, sem as mínimas condições de segurança,
especialmente em direção à
Europa,continente privilegiado, que para chegar aonde chegou,
fartou-se de explorar as mais variadas regiões do mundo e
cujos habitantes, na sua maioria, tem demonstrado restrições
às atuais ondas de refugiados. Esquecem que este mesmo
movimento foi feito por milhares de europeus, há quase
dois séculos, para fora do continente e pelos mesmos
motivos. Há um desconhecimento, indiferença ou
esquecimento deste importante fato histórico, por parte
da população europeia. |
Nosso país e, em especial nosso
estado, recebeu muitos desses imigrantes e, no Brasil de hoje,
somos parte da História daqueles imigrantes. |
Porém, não basta ficarmos
chocados com o que está acontecendo na Europa. Temos que
olhar também para os que aqui chegam, vindos do Haiti, do
Senegal ou de outros países, buscando uma chance de
recomeçar e que, não raras vezes, são
hostilizados por alguns ou explorados por outros. Cabe falar
também dos migrantes internos, como é o caso dos
nordestinos, que muitas vezes são descriminados e
tratados como cidadãos de segunda classe, por habitantes
dos estados para os quais migram. |
"O refugiado não é o que
deseja sair, é aquele que não pode ficar"
(Deyse Ventura/USP). |
É necessário que a gente se
coloque no lugar do outro, especialmente daquele que sofre, pois
como afirmou Leonardo Boff, em recente artigo: "Eles são
nossos irmãos e irmãs e filhos e filhas de Deus". |
Marina Lima Leal |
Tramandaí, 6 de setembro de 2015. |
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