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Texto publicado aqui em 02/09/2019 Retornar textos da autora Retornar textos da autora
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A MATRIZ DE SÃO LUIZ E O CÔNEGO LEÃO
Cônego José Leão Hartmann assumiu a Paróquia São Luiz Gonzaga em 5 de janeiro de 1941, e por muitos anos aqui pregou e trabalhou. Promoveu a criação de diversas outras paróquias e capelas.
Por iniciativa e convite do Padre Leão, chegaram a Canoas, em 5 de fevereiro de 1944 as irmãs Maria Hertilde e Maria Luanda, da Congregação de Notre Dame. Adquiriram a chácara da família Livonius, ao lado da Igreja matriz, com o objetivo de instalar ali, uma escola, que se tornou mais tarde, o tradicional Colégio Maria Auxiliadora.
Padre Leão, como era chamado pelos paroquianos, era muito religioso, mas muito exigente com o comportamento dos fieis. Quando achava necessário, chamava a atenção de pessoas, até em público, por isso muitos o consideravam intransigente e autoritário.
Recordo-me de uma ocasião, em que fui para fila da comunhão e deixei minha filha menor, que deveria ter uns dois anos, aos cuidados de meu marido, que se descuidou e ela saiu corredor a fora, chamando por mim. O padre Leão, parou por uns instantes de distribuir a comunhão e disse: "como é que estas mães largam estas crianças, que vem perturbar na hora da Santa Comunhão?". Envergonhada, peguei minha filha pela mão e fui para meu lugar.
Por estas e outras, nem todos os paroquianos gostavam da postura do padre Leão. Há relatos de que ele dava um sermão nos rapazes, quando desconfiava que iam às procissões para ver ou namorar as gurias.
Porém, ele era uma pessoa que tinha seus momentos ternos e sensíveis. De 1982 até 1984, manteve correspondência com minhas filhas adolescentes, especialmente por ocasião da Páscoa e do Natal. Elas iniciaram a correspondência com os cartões de Feliz Páscoa em 1982 e o Padre Leão, sempre respondia.
Certa feita, ele mandou um cartãozinho, escrito de próprio punho, com os dizeres: "Olhem, ainda guardo e releio, aquelas cartas da Patrícia, com aquele selo original e do Coelhão, se bem distingui; e a da Andréa, com o papel cheiro de acácia. Assim, nossa vida deve levar o selo do Céu e o perfume da eternidade". Um verdadeiro poema, escrito por aquele homem, aparentemente tão sisudo.
Em outra ocasião escreveu: "Olha, eu gostei tanto no sábado, depois daquele casamento que eu fiz e vocês cantaram, quando vieram cumprimentar-me, que vocês nem ideia podem fazer. Eu havia distinguido perfeitamente vossas vozes e se vocês tivessem ido embora sem me falar, ai de vocês...". Era também bem humorado, quando queria ser.
Cônego Leão ficou à frente da Paróquia São Luiz Gonzaga, por mais de 30 anos, sendo sucedido pelo padre Armindo Cattelan, que assumiu, como pároco, em 2 de março de 1975.
Considero muito difícil, falar do Centenário de nossa Matriz, sem mencionar a figura o Cônego Leão, que trabalhou incansavelmente por ela, durante tantos anos. Em 1988, faleceu em Canoas, cidade pela qual tanto fez.
Novembro de 2018.
Marina Lima Leal
 
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