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Marina Lima Leal
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DIA DO PROFESSOR |
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Todos os anos, no mês
de outubro, se espera poder escrever sobre conquistas que o
magistério tenha conseguido. Infelizmente, porém,
nos últimos tempos, somos obrigados a falar das perdas e
da situação de miserabilidade que vive a
categoria. Falo em especial dos professores da rede estadual de
ensino, de nosso Estado. |
No último mês de setembro, o
CPERS/Sindicato realizou seu X Congresso Estadual onde foi feito
um balanço da situação do Magistério
na conjuntura atual. Foi redigida a Carta do Congresso onde a
categoria se expressa, através de sua Entidade. Somos
aqueles e aquelas que educam, alimentam e, no cuidado próprio
de quem abraça a profissão, zelam pelo bem estar,
o desenvolvimento intelectual e o amadurecimento de mais de 80%
dos gaúchos e gaúchas em idade escolar. |
Como dizia nosso saudoso Paulo Freire: a
educação, por si só não produz o
desenvolvimento, mas este, sem a educação, é
impossível. Todos os países que alcançaram
o desenvolvimento, investiram pesado em educação. |
Apesar da importância desta constatação,
no nosso estado e no país, o professor é tratado
como uma carga. Está em situação de miséria,
adoecido, acumulando empréstimos impagáveis, sem
dinheiro para ir trabalhar, dependendo da caridade de familiares
e, muitas vezes, tendo que escolher entre comer ou pagar as
contas. |
O governo de Eduardo Leite nos impõe,
aos professores e demais categorias de funcionários públicos:
arrocho salarial, precarização dos serviços
e das relações de trabalho, benesses a
privilegiados, ataque brutal a servidores, enxugamento,
sobrecarga nas escolas e mercantilização do
ensino. Para potencializar o ataque, ameaça o Plano de
Carreira, conquista das mais importantes do Magistério. |
Há 5 anos a categoria está
sem qualquer reposição salarial, acumulando perdas
inflacionárias superiores a um terço do poder
aquisitivo desde novembro de 2014, data do último
reajuste. A defasagem em relação ao Piso Nacional
chega a escandalosos 102%. Amargamos, por 45 meses, a humilhação
de pagar juros para receber o próprio salário,
atrasado ou parcelado, à revelia da legalidade e da
moralidade. |
No comando do país, o autoritarismo
cresce. Tentam acabar com o pensamento crítico,
constrangendo educadores que estimulam debates em suas aulas. O
orçamento da educação sofre sucessivos
cortes. Paulo Freire, educador de renome internacional, é
caluniado e transformado em pária. No estado e no país,
creem nos empurrar para o imobilismo e a desesperança.
Ignoram uma das mais valiosas lições dos
educadores, nestes 74 anos de história do seu Sindicato,
o CPERS: a luta sempre vale a pena. |
Vivemos tempos muito difíceis. Não
há saída possível fora da mobilização
coletiva. Todos somos responsáveis por esta luta. Será
preciso redobrar as forças e as esperanças,
porque, como escreveu Paulo Freire, a desesperança
nos imobiliza e nos faz sucumbir no fatalismo onde não é
possível juntar as forças indispensáveis ao
embate recriador do mundo. |
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Canoas, outubro de 2019. |
Marina Lima Leal |
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