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Texto publicado aqui em 04/11/2019 Retornar textos da autora Retornar textos da autora
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DIA DO PROFESSOR
Todos os anos, no mês de outubro, se espera poder escrever sobre conquistas que o magistério tenha conseguido. Infelizmente, porém, nos últimos tempos, somos obrigados a falar das perdas e da situação de miserabilidade que vive a categoria. Falo em especial dos professores da rede estadual de ensino, de nosso Estado.
No último mês de setembro, o CPERS/Sindicato realizou seu X Congresso Estadual onde foi feito um balanço da situação do Magistério na conjuntura atual. Foi redigida a Carta do Congresso onde a categoria se expressa, através de sua Entidade. “Somos aqueles e aquelas que educam, alimentam e, no cuidado próprio de quem abraça a profissão, zelam pelo bem estar, o desenvolvimento intelectual e o amadurecimento de mais de 80% dos gaúchos e gaúchas em idade escolar”.
Como dizia nosso saudoso Paulo Freire: a educação, por si só não produz o desenvolvimento, mas este, sem a educação, é impossível. Todos os países que alcançaram o desenvolvimento, investiram pesado em educação.
Apesar da importância desta constatação, no nosso estado e no país, o professor é tratado como uma carga. Está em situação de miséria, adoecido, acumulando empréstimos impagáveis, sem dinheiro para ir trabalhar, dependendo da caridade de familiares e, muitas vezes, tendo que escolher entre comer ou pagar as contas.
O governo de Eduardo Leite nos impõe, aos professores e demais categorias de funcionários públicos: arrocho salarial, precarização dos serviços e das relações de trabalho, benesses a privilegiados, ataque brutal a servidores, enxugamento, sobrecarga nas escolas e mercantilização do ensino. Para potencializar o ataque, ameaça o Plano de Carreira, conquista das mais importantes do Magistério.
Há 5 anos a categoria está sem qualquer reposição salarial, acumulando perdas inflacionárias superiores a um terço do poder aquisitivo desde novembro de 2014, data do último reajuste. A defasagem em relação ao Piso Nacional chega a escandalosos 102%. Amargamos, por 45 meses, a humilhação de pagar juros para receber o próprio salário, atrasado ou parcelado, à revelia da legalidade e da moralidade.
No comando do país, o autoritarismo cresce. Tentam acabar com o pensamento crítico, constrangendo educadores que estimulam debates em suas aulas. O orçamento da educação sofre sucessivos cortes. Paulo Freire, educador de renome internacional, é caluniado e transformado em pária. No estado e no país, creem nos empurrar para o imobilismo e a desesperança. Ignoram uma das mais valiosas lições dos educadores, nestes 74 anos de história do seu Sindicato, o CPERS: “a luta sempre vale a pena”.
Vivemos tempos muito difíceis. Não há saída possível fora da mobilização coletiva. Todos somos responsáveis por esta luta. Será preciso redobrar as forças e as esperanças, porque, como escreveu Paulo Freire, “a desesperança nos imobiliza e nos faz sucumbir no fatalismo onde não é possível juntar as forças indispensáveis ao embate recriador do mundo”.
Canoas, outubro de 2019.
Marina Lima Leal
 
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